Para que uma biblioteca esteja completa, ela precisa estar aberta para receber uma diversidade de vozes e realidades. Isso inclui, é claro, histórias de todos os povos, sendo eles de brancos, pretos, povos originários, europeus ou asiáticos, ou qualquer outra etnia ou raça. O Instituto de Leitura Quindim (ILQ) faz um exercício diário de que todas essas culturas sejam valorizadas e encontrem oportunidades de chegar a casa de centenas de famílias associadas. Essa é apenas uma das pequenas contribuições que podemos dar para acabar com o racismo estrutural da nossa sociedade.
Hoje vamos conhecer algumas obras escritas por artistas negros que são referência no Brasil e no mundo. É válido lembrar que, segundo o IBGE, 54% da população brasileira é formada por cidadãos que se declaram negros. Contudo, além de suas histórias de luta contra preconceitos e sistemas opressores, é necessário que suas vivências e memórias alegres e afetivas também ganhem espaço para chegar ao maior número possível de pessoas.
Os livros:
“Os da minha rua”, de Ondjaki (Editora Pallas): a obra de Ondjaki, um querido amigo do Instituto Quindim, apresenta ao leitor 22 contos que são resgates de sua infância (entre 1970 e 1990), em Luanda, capital da Angola. São amigos, parentes, lugares e até cheiros que permeiam memórias importantes e que são transpostos para os textos. “Os da minha rua” exalta essa época da inocência e dos pequenos grandes descobrimentos de uma criança. Todos os contos revelam a influência da cultura brasileira no Sul da África oitentista, com citações ao cantor Roberto Carlos, ao escritor Graciliano Ramos e às novelas “O Bem Amado” e “Roque Santeiro”.
“No seu pescoço”, de Chimamanda Ngozi Adichie (Cia das Letras): no total, “No seu pescoço” tem 12 contos que trazem todos os elementos da escrita de Chimamanda, considerada uma das principais escritoras da atualidade. Todas as histórias contêm os traços sensíveis da autora ao falar sobre imigração, desigualdade racial, dos conflitos religiosos e das relações familiares. A obra apresenta a perspectiva do indivíduo para atingir o universal que há em cada um de nós e, com isso, proporciona a seus leitores a experiência da empatia, bem escassa nos tempos atuais.
“Cartas para minha avó”, de Djamila Ribeiro (Cia das Letras): neste livro, a renomada filósofa faz um retorno a sua infância e adolescência para discutir sobre ancestralidade negra e os desafios de criar os filhos em uma sociedade racista. De forma criativa, por meio de cartas a sua avó Antônia, a autora volta no passado para entender questões do presente. A cumplicidade entre avó e neta é o que permite que Djamila rememore episódios difíceis, como a perda do pai e da mãe, as agressões que sofreu como mulher negra no Brasil e os desafios para integrar a vida acadêmica.
“Ponciá Vicêncio”, de Conceição Evaristo (Editora Pallas): obra da renomada autora marca a trajetória e os caminhos, os sonhos e desilusões de sua protagonista, que leva o título do livro. É um caminho que vai desde a sua infância até a fase adulta, com uma análise profunda de seus afetos, desafetos e as relações com família e amigos. Há também uma discussão e entendimento da personagem sobre si própria centrada na herança identitária de seu avô.
“Sim à igualdade racial - raça e mercado de trabalho”, de Luana Génot (Editora Pallas): mesmo que ainda velada em muitos casos, a desigualdade racial no mercado de trabalho brasileiro é uma realidade preocupante. É importante que esse assunto seja falado e se tenha uma busca para enfrentá-lo. Luana Génot, diretora-executiva do Instituto Identidades do Brasil (ID_BR) lança seu primeiro livro que conta com 16 depoimentos de pessoas de diferentes perfis, entre CEO de empresas e trainees, atores e jornalistas, além das falas da própria Luana e de seus pais, sobre a questão da desigualdade no ambiente corporativo.
Todos os livros já estão disponíveis para retirada pelos associados na biblioteca do Instituto de Leitura Quindim.
Como funciona para se tornar associado da Biblioteca? Ao se cadastrar presencialmente no Instituto, cada família ganha o direito de levar para casa até 15 livros por 15 dias. O cadastro tem uma colaboração anual de R$20,00 (dependendo da situação socioeconômica, a taxa é isenta).
O Instituto fica na Rua Sinimbu, 1670, 6º andar do Edifício Eberle, centro de Caxias do Sul (RS). Os dias e horário de atendimento são nas quintas-feiras, sextas-feiras e sábados, das 12h às 18h. Estão sendo seguidos os protocolos de prevenção contra a covid-19 para receber todos em segurança. A utilização de máscara facial e álcool em gel é obrigatória.
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